May 19, 2015

Entre Faro, Quarteira, Loulé, e Olhão

Porque é que ainda tratamos as pessoas com Mobilidade Reduzida, ou com algum tipo de deficiência, de forma diferente?


O Algarve é uma das zonas mais turísticas de Portugal e, no raio entre Faro, Quarteira, Loulé, e Olhão não se encontra um hotel que nos possa garantir que os quartos, casas de banho e acessos sejam adaptados a pessoas com problemas de mobilidade.




Um testemunho de Cláudia Oliveira, assistente de produção de espetáculos:

Trabalho em produção e moro no Algarve. Recentemente, tive necessidade de fazer uma marcação num hotel para uma formação musical em que havia um ou dois casos de mobilidade reduzida e foi impressionante verificar que não existia um único hotel com estruturas suficientes para apoiar pessoas com mobilidade reduzida, quer esta seja em cadeira de rodas ou não. Ora, os elevadores são pequenos ou não existem. Rampas são raras, os quartos não possuem duches adaptados e, caso exista um quarto totalmente adaptado, é o pior do hotel, mais escondido, sem varanda ou o mais pequeno.

Todos os quartos, casas de banho e acessos deveriam ser adaptados, uma vez que toda a gente pode usufruir disso mas, o caso contrário, não funciona da mesma forma.

Não temos de discriminar as pessoas só porque não têm a mesma mobilidade que nós. Como diz este texto, publicado há dois anos atrás, estamos a negligenciar um tipo de turismo, apenas porque pensamos que não é rentável (enquanto que, no resto da Europa, é um mercado de 90 mil milhões de euros!)

O que é isto? É preconceito? É desleixo?

Temos os piores quartos (sem vista ou varanda) para os deficientes, temos poucos ou nenhuns acessos e, quando os há, são os mínimos exigidos por lei. E nem falo só na hotelaria: temos exemplos como os supermercados, serviços públicos, cinemas, teatro... Já tive de ir com uma colega minha, em cadeira de rodas, ao cinema e não ter forma de a transportar, ninguém que carregasse a cadeira (a não ser a ajuda dos nossos amigos)...

É triste saber que, no nosso país, as pessoas com deficiências ou mobilidade reduzida não podem sair de casa sem obstáculos em todo o lado onde vão; que não podem passar férias sem ter problemas com o hotel que escolhem, os restaurantes onde vão, etc.



Será que cada um de nós acredita que este problema não é nosso! (…) será que não podemos fazer nada? (…) será que vamos continuar a contribuir para que se excluam as pessoas com Mobilidade Reduzida! (…) será que queremos impedi-las de ter uma melhor qualidade de vida?

Sempre que detetar uma situação destas peça o Livro de Reclamações… 

Hoje são outros, amanhã seremos nós.


Fonte: Publico P3



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