É
quase unânime que a calçada é bonita e de grande valor patrimonial mas será que
se adequa a todas as exigências atuais e que deve ser indistintamente aplicada
em todo o lado?
Surgiu no século XIX e é ainda amplamente usada no
calçamento de quase todas as cidades muito embora já estejamos no século XXI. É
um piso geralmente desnivelado, que se baseia em pedras de formato irregular,
geralmente de calcário e por vezes pontiagudas, intervaladas com buracos de
maior ou menor dimensão.
O problema complica-se ainda mais quando pensamos nos
cidadãos com mobilidade reduzida, nos pais com os carrinhos de bebés, nas
pessoas mais idosas ou mesmo nas mulheres portuguesas que arrisquem o uso de
sapatos de salto alto. Por isso é cada vez mais frequente vermos a maioria dos
peões a caminhar à beira dos passeios ou seja, pela estrada, colocando a sua
vida e a dos automobilistas em risco. Os deficientes motores, que necessitam de
se deslocar em cadeiras de rodas, acabam por ser obrigados a converter-se em
condutores de ligeiros sem matrícula, muito provavelmente, sem carta para o
efeito. Não me lembro de encontrar no novo código da estrada normas que
contemplem esta evidência. Afinal existem mais duas grandes categorias de
veículos, para além dos pesados e dos ligeiros, a saber, as cadeiras de rodas
com motor e as cadeiras de rodas sem motor!?
“Não podemos resolver problemas com o mesmo tipo de pensamento que usávamos quando os criávamos.” Albert Einstein.
A calçada aplicada nos passeios não é arte nem atracão, é um
perigo público, um atentado à segurança de todos. Devia ser banida de todos os PASSEIOS.
Se a limitássemos às zonas onde ela é efetivamente apreciada, executada com
arte, e alvo da atenção turística, as Câmaras Municipais estariam a cuidar das
pessoas e a preservar o património cultural. Contudo, ainda aqui, deveriam coexistir alternativas. O enfoque deve ser a segurança das
pessoas e a promoção da liberdade de circulação de todos aqueles que têm
Mobilidade Reduzida.
Quando
surgiu, a calçada portuguesa, não estava vocacionada
para os utilizadores ditos ‘deficientes’, sendo estes cidadãos com mobilidade
reduzida simplesmente ignorados. Uma calçada em mau estado, portanto, não
constituía um problema – bastava continuar a caminhada pela rua e a questão
estava resolvida.
Entretanto,
o mundo mudou… e nós ainda não o fizemos!
Temos que passar do Sec.XIX para o Sec.XXI
António
Costa, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, prometeu limitar a calçada
portuguesa às zonas históricas. E vai reforçando as razões. “A calçada é muito bonita para ver, mas
péssima para andar. É escorregadia e é desconfortável"
Finalmente
o fim da calçada já está na agenda da CML.
Saiba
mais AQUI.
Para o Minuto Acessível,
deixe aqui o seu contributo: minuto.acessivel@gmail.com