Os sanitários são a derradeira barreira/obstáculo para que todos possam ter uma vida mais livre. Agora que alguns espaços públicos e privados começam finalmente a ter casas de banho adaptadas para Pessoas com Mobilidade Reduzida, somos confrontados com a enorme complexidade dos equipamentos instalados.
O ‘Povo’, que é sábio, costuma dizer:
"A esmola, quando é
grande, o santo desconfia".
Os
sanitários que têm vindo a ser instalados são de facto inapropriados, muitos
deles inacessíveis para uma grande parte dos cidadãos que deles necessitam. A
falta de um WC com condições é o maior motivo para que muitos deficientes
motores tenham dificuldade em sair de casa, sem preocupações. Em minha opinião,
é mais simples pedir ajuda para subir uns quantos degraus, é mais simples
percorrer um passeio em calçada ou uma rua empedrada de uma cidade, do que
estar num local com todas as condições mas sem um WC adequado.
Estes
sanitários são um mistério
Acredito que só alguém com uma imaginação muito
rica foi capaz de os conceber e foi capaz de os vender como sendo os sanitários
mais acessíveis do universo. Deve haver razões que a própria razão desconhece...
Percebi
que persiste a confusão entre pessoas com deficiência e doentes internados. Em
muitos casos, num ambiente hospitalar, o paciente necessita de ajuda de um
profissional para o assistir na sua higiene pessoal. A exploração inapropriada
desta situação, tem sido o rastilho para que o design destes sanitários esteja a
ser transposto para o espaço público. Assim foi passada a falsa impressão que
estes sanitários estão adaptados de forma correta e, como muitos certamente já
observaram, acabam por ser instalados nos centros comerciais, hotéis,
aeroportos, restaurantes, enfim, em todo o lado, inviabilizando o seu uso pela
maioria da população deficiente motora. É como se não existisse WC.
A
situação é preocupante e deve ser denunciada. Este tipo de equipamento,
considerado específico e altamente acessível, tem um custo muito superior e o
gestor público está a ser induzido em erro, bem como a maioria dos
consumidores, sejam estes organizações privadas ou simplesmente pessoas
individuais. É muito mais conveniente comercialmente vender este tipo de equipamentos porque
custam 3 a 5 vezes mais do que um sanitário normal (depende dos casos). Negócio
'puro e duro'.
Muito
provavelmente, quando se perceber que este produto não atende aos requisitos de
acessibilidade, vai haver a necessidade de os substituir, gerando um custo acrescido
gratuito..No Brasil já foi proibido.
A
consequência gerada pela instalação destes sanitários, com ABERTURA FRONTAL e a
45cm do chão, tem dado origem a muitas reclamações. Os mais queixosos são
naturalmente os cidadãos deficientes motores (na maioria paraplégicos) e as
pessoas mais idosas. A abertura frontal, a altura do sanitário, o desconforto
originado pelo facto de a urina escorrer para o chão, deixando-o sujo e
escorregadio, associada às questões de segurança, são os fatores mais críticos
e que deviam ser evitados. Quem tem alguma deficiência vertebro-medular ou nos
membros inferiores não consegue utilizar este tipo de acento já que o mesmo não
permite o apoio total das pernas, causando acidentes e torções.
Mesmo sem buraco mas com as barras e o sanitário a esta altura, como é que um deficiente em Cadeira de Rodas ultrapassa este obstáculo suspenso?
Levantando-se!!
As entidades públicas de fiscalização deviam intervir no sentido de garantir que a
acessibilidade corresponda ao que estabelece a legislação. O Decreto-Lei n.º
163/2006, de 28 de Agosto, não impõe esta obrigação.
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