E
se a cor dos seus sapatos o impedisse de aceder a uma parte da cidade?
“Como
se sentiria se não pudesse entrar numa loja por ter sapatos castanhos? Ou olhos
azuis? Ou mesmo um fato verde?”
Jorge
Falcato, paraplégico há mais de três décadas, colocou estas questões numa
conferência sobre acessibilidades e mercado de trabalho que se realizou
recentemente na Câmara Municipal de Lisboa, enquadrada num parceria com a
cidade alemã de Berlim e com a rede Eurocities. São questões que traduzem de
uma forma simples mas pragmática os problemas inerentes à falta de
acessibilidades na cidade.
Com esta intervenção, Jorge Falcato procurou fazer
ver aos presentes que
mais importante do que dizer que a mobilidade inclusiva é
um investimento e não um custo, é ganhar a consciência de que ela “é um
direito”.
João
Afonso, vereador dos Direitos Sociais da Câmara de Lisboa, sublinhou que esta é
uma ideia que é preciso “partilhar em voz alta e de forma clara”, que “é um
direito humano” e que “toda a gente tem direito à cidade”
A
Eurocities, que reúne mais de 130 cidades europeias, considerou “inspirador” o
trabalho que Câmara Municipal de Lisboa está a propor fazer ao nível da mobilidade inclusiva, nomeadamente, com o Plano de Acessibilidade Pedonal.
A
Assembleia da República tem aprovado inúmera Legislação sobre esta matéria, a
grande maioria em incumprimento, mas todos acreditamos que este Plano de
Acessibilidade Pedonal, apresentado publicamente, no mínimo, vincula a Câmara Municipal de Lisboa e os
seus responsáveis, ao desígnio de tornar Lisboa uma Cidade Acessível para todos.
A
questão agora é saber se o novo Plano de Acessibilidade Pedonal de Lisboa é
apenas mais um Plano. A verdade é que os cidadãos com Mobilidade Reduzida
continuam maioritariamente ‘fechados em casa’ porque os Planos não são
implementados ou não são implementados com rigor.
Para
Jorge Falcato, a falta de acessibilidades é “o arame farpado” que existe em
toda a cidade e que impede demasiadas pessoas “de chegar a muitos sítios (…) vocês
não veem (…) nós vemos (…) por isso é que temos pressa”
Jorge Falcato intervém às 4:22:34... uma mensagem que vale mil Decretos-Lei.
O MINUTO ACESSÍVEL considera que "a ACESSIBILIDADE deve ser encarada como uma necessidade de todos os cidadãos e não apenas para aqueles que conjunturalmente ou de forma permanente tenham Mobilidade Reduzida".