A ASSOCIAÇÃO SALVADOR preparou um Manual para Pessoas com Deficiência Motora. Mais
uma iniciativa que todos devemos aplaudir e que muito vai ajudar a comunidade
de pessoas com Deficiência Motora.
Contudo,
há um SENÃO… um senão a 45cm do chão!?
No
capítulo,
indica-se:
“Casas de banho - (...) sanita (...) com uma altura do
piso até ao bordo superior do assento de 45cm”
São
muitos e diversos os relatos relativos ao insucesso
do uso dos sanitários
instalados a 45cm do chão.
O EQUILÍBRIO não é possível.
Ao
usar um sanitário, um paraplégico deve ter a possibilidade de se sentar em
equilíbrio. O assento do sanitário a uma altura de 45cm do piso impossibilita que o equilíbrio seja
conseguido uma vez que os pés não chegam ao chão de forma equilibrada e firme.
Qualquer altura superior a 40cm (altura normal do piso ao assento de um sanitário comum) inviabiliza o uso do equipamento de forma eficaz e em condições de segurança.
Para quem, eventualmente, necessite da sanita mais alta, pode utilizar um
alteador de sanita, um acessório portátil adequado para o efeito. O contrário
já não é possível porque baixar a altura de um sanitário já colocado, não é uma possibilidade viável.
Também, a instalação de sanitários com abertura frontal, equipamentos cada vez
mais comuns, acrescenta ainda mais dificuldades a somar aos 45cm de altura do
sanitário ao chão. Há quem afirme que são os mais adequados mas de facto são um 'quebra-cabeças' ainda por cima com um custo muito superior aos sanitários normais. Curioso! Este tipo de sanitários com abertura frontal só deve ser
usado em instalações hospitalares e apenas nos espaços em que o deficiente está
acompanhado por um auxiliar, devido à eventual necessidade de ajuda para lavar as partes
‘mais íntimas’. Relativamente às barras laterais de apoio ao sanitário, no caso
de um paraplégico, estas devem estar à altura dos quadris, se considerarmos
como referência a posição de sentado no sanitário. A força que o deficiente tem
que fazer para passar do sanitário para a cadeira de rodas, combinada com o equilíbrio que tem que garantir, é mais eficaz quando
a barra está à altura dos quadris, uma vez que o movimento e a força são
otimizados. Fazer força de cima para baixo numa barra que esteja à altura dos
ombros (tomando mais uma vez como referência a posição de sentado num sanitário
a 40cm do chão) é um movimento difícil, improdutivo e inseguro.
O que
parece que está a acontecer é que os WCs para deficientes que começam a surgir
um pouco por todo o lado, não estão adaptados para quem se desloca em cadeira
de rodas, nomeadamente para paraplégicos. Parece serem equipamentos para
pessoas com mobilidade reduzida, sem dúvida, mas que não se deslocam em cadeira
de rodas e que de alguma forma conseguem estar de pé. Daí a altura das barras,
a altura do sanitário (45cm do chão) e o estranho caso da abertura frontal dos
sanitários muitas vezes disponíveis em WCs de hotéis, restaurantes, centros comerciais,
áreas públicas, etc. Em resumo, os que têm mais dificuldades motoras resultantes
de uma paraplegia ou tetraplegia, vêm agora as suas dificuldades
exponencialmente aumentadas e na maioria dos casos constata-se que os
equipamentos instalados são inúteis, isto é, impossíveis de usar. É como se não
existissem.
Pés bem assentes no chão:
CORRECTO
Barra lateral à altura dos quadris:
FACILITA
FACILITA
Sanitário sem abertura frontal, com o assento a uma altura normal do chão:
EFICAZ
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