“A
arquitetura só pode ser capacitante se os arquitetos desenvolverem empatia”,
afirmou Raymond Lifchez
Em
Portugal, na maioria dos nossos centros urbanos, o discurso arquitetónico não tem
conseguido alinhar-se com as necessidades sociais e éticas da cidade
contemporânea. Com a relação tensa entre a teoria e a prática, a irrelevância
social no design é onipresente. Os arquitetos que praticam a profissão veem
frequentemente a teoria como esotérica e não-transferível, enquanto muitos
teóricos não manifestam as suas ideias na realidade através da construção.
Recentemente
a Câmara Municipal de Lisboa iniciou uma R(E)VOLUÇÃO que pretende alterar este
paradigma. A cidade não é de facto para todos mas devia sê-lo. As pessoas com
Mobilidade Reduzida não usufruem da cidade porque a cidade não está preparada
para os receber. Fernando Medina, o atual presidente da CML, tem liderado este
processo de mudança e a cidade começa a mudar. É um processo longo, mas quanto
mais depressa for iniciado mais depressa se conclui. É importante garantir a
requalificação, bem como assegurar que ‘obra nova’ se enquadra nesta visão
inclusiva que agora se iniciou. Outras das
nossas cidades já iniciaram há muito processos semelhantes. Lisboa chegou atrasada mas chegou. O processo é
irreversível.
A CML iniciou esta
semana a requalificação do eixo central da cidade, uma intervenção que abrange
a zona da Av. da República, Saldanha, Picoas e Av. Fontes Pereira de Melo.
Nesta
obra e em muitas outras já planeadas ou em curso, a autarquia pretende reduzir o ruído,
melhorar a segurança rodoviária, aumentar a área pedonal, tornar os passeios
mais confortáveis, criar mais ciclovias e aumentar as zonas verdes.
“Estamos
a dar resposta à ambição das pessoas, que creio ser grande, de poderem usufruir
mais e melhor do espaço comum na cidade. Aumentamos e valorizamos o espaço
público, que reganha centralidade para utilização e fruição de todos, seja para
estar numa esplanada, andar a pé ou de bicicleta, ou divertirmo-nos com os
filhos num parque”, considera Fernando Medina.