Familiares,
vizinhos e amigos são aqueles que cada vez mais se disponibilizam para ajudar quem
não consegue viver sozinho. São dias, noites, semanas, meses e anos sem pausas,
sem folgas. Portugal é já o país da Europa com maior número de cuidadores
informais que prestam ajuda a pessoas dependentes.
Cláudia, 43 anos, diretora-executiva da Instituição Ajuda Cristã à
Juventude, com Mafalda Ribeiro |
A
rodar desde 1983, como gosta de dizer, Mafalda Ribeiro, 33 anos, é sobejamente
conhecida por ter ossos de vidro ou, mais formalmente, uma osteogénese
imperfeita. Tem 95% de incapacidade, mas faz por se focar nos seus 5% que
funcionam. À nascença, o prognóstico médico ditava que não ia sobreviver, e
pouco depois que nunca chegaria à idade de ir para a escola. Ultrapassou todos
os obstáculos. O segredo, garante, é nunca se levar demasiado a sério e também
contar com uma rede de cuidadores extraordinários, entre eles o pai, os amigos
e a sua grande amiga Cláudia Sampaio.
Desde
há dois anos que Cláudia se ofereceu para ser cuidadora de Mafalda Ribeiro e
levá-la onde ela quisesse.
"Não sou autónoma, mas isso tornou-me extremamente livre", refere Mafalda Ribeiro. |
Conhece
Mafalda Ribeiro desde o lançamento de Mafaldisses - Crónicas Sobre Rodas, em
2008 - e tempos depois deu por ela a perguntar-lhe o que gostaria de fazer.
"Foi quando me contou que era convidada para muita coisa mas nem sempre
ia, porque para o fazer precisava sempre de ajuda", refere Cláudia. Era
tudo o que queria ouvir. "Se é isso que precisas, é isso que quero fazer",
adiantou. O primeiro passo foi conhecê-la, saber como podia ser a sua extensão,
os seus braços e pernas, e passou a ser o apoio que Mafalda precisava para se
deslocar. Cláudia garante que não mais vacilou: "Poder contribuir para que
a força dela contagie outros é uma oportunidade única na vida."
É uma
história feliz, que se quer inspiradora para um mundo de cuidadores informais
que cresce por todo o País, mas a verdade é que nem todas as essas vidas têm
contornos assim tão extraordinários e a maioria não é sequer reconhecida,
quanto mais valorizada.
A
dificuldade no apoio a todos aqueles que por uma razão ou outra ficaram
dependentes é crescente. "Vivemos num mundo em que as pessoas não querem
pensar nisso, afinal não é um assunto sexy", lamenta Rosário Sobral,
presidente da direção da Associação para o Desenvolvimento de Novas Iniciativas
para a Vida (Advita).
Perto
de cem mil portugueses sobrevivem com ajuda de outros e estes são, em 80% dos
casos, CUIDADORES INFORMAIS.
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