Rosa
Lemos trabalha numa organização não-governamental em Amarante. Estudou Ciências
da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e este seu testemunho
sintetiza em poucas palavras o sentimento de muitas pessoas com deficiência.
A
adaptação ao uso de uma cadeira de rodas é difícil?
Algumas
pessoas têm dificuldade em adaptar-se à cadeira de rodas, independentemente do
tempo de uso. Creio que a resistência está muito mais relacionada com o que o
objeto representa do que com a necessidade de uso. Levei algum tempo a lidar
bem com as minhas rodinhas mas já fizemos as pazes e não me importo de dividir
o espaço com ela nas diversas fotos que gosto de tirar ou aos lugares que
pretendo visitar. Compreendi e aceitei a sua função na minha vida. Por isso,
vejo-a como uma amiga, uma fiel companheira, que sempre foi.
Quais
são as principais razões que inviabilizam uma adaptação mais rápida?
A
resposta está no dia-a-dia. Tudo converge para uma visão negativa do mundo da
deficiência. As cidades não têm acessibilidades, as pessoas são
preconceituosas, o mercado de trabalho reduz as competências do profissional em
função das suas limitações físicas, a família protege demasiado, os amigos
desaparecem porque ficou mais “complicado” sair com alguém com dificuldades de
mobilidade… quase sempre os lugares que se frequentam não têm acessibilidades.
São
muitas as dificuldades?
Dificuldades
todos nós temos, é claro! O importante é perceber que não importa como nos
deslocamos, falamos, vemos ou ouvimos. O que nos define são as nossas ações. É
a maneira como lidamos com as pessoas e, principalmente, com quem somos. Ao
aceitar isto olhamos para a cadeira de rodas como uma aliada, algo fundamental
para “ir e vir” para onde desejamos.
Com a
colaboração de Rosa Lemos
Para o
Minuto Acessível,