January 5, 2016

Em Direto com…


Rosa Lemos trabalha numa organização não-governamental em Amarante. Estudou Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e este seu testemunho sintetiza em poucas palavras o sentimento de muitas pessoas com deficiência.









A adaptação ao uso de uma cadeira de rodas é difícil?

Algumas pessoas têm dificuldade em adaptar-se à cadeira de rodas, independentemente do tempo de uso. Creio que a resistência está muito mais relacionada com o que o objeto representa do que com a necessidade de uso. Levei algum tempo a lidar bem com as minhas rodinhas mas já fizemos as pazes e não me importo de dividir o espaço com ela nas diversas fotos que gosto de tirar ou aos lugares que pretendo visitar. Compreendi e aceitei a sua função na minha vida. Por isso, vejo-a como uma amiga, uma fiel companheira, que sempre foi.

Quais são as principais razões que inviabilizam uma adaptação mais rápida?

A resposta está no dia-a-dia. Tudo converge para uma visão negativa do mundo da deficiência. As cidades não têm acessibilidades, as pessoas são preconceituosas, o mercado de trabalho reduz as competências do profissional em função das suas limitações físicas, a família protege demasiado, os amigos desaparecem porque ficou mais “complicado” sair com alguém com dificuldades de mobilidade… quase sempre os lugares que se frequentam não têm acessibilidades.

São muitas as dificuldades?

Dificuldades todos nós temos, é claro! O importante é perceber que não importa como nos deslocamos, falamos, vemos ou ouvimos. O que nos define são as nossas ações. É a maneira como lidamos com as pessoas e, principalmente, com quem somos. Ao aceitar isto olhamos para a cadeira de rodas como uma aliada, algo fundamental para “ir e vir” para onde desejamos.


Com a colaboração de Rosa Lemos





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