Foi aqui que fiquei.
Excelente.
Um hotel com todas as condições para quem é paraplégico e se desloca numa
cadeira de rodas. Um quarto acessível, com uma casa de banho adequada, sem a complexidade dos quartos que tenho visto em alguns dos hotéis mais recentes... ou dito de
outra forma, em que os suportes, o lavatório o sanitário a a banheira, em vez de facilitarem a mobilidade, acabam por complicar ou mesmo impedir, literalmente, o seu uso. Autênticos
obstáculos. É uma pena. Terei oportunidade de relatar casos concretos ao longo deste Blog.
MAS, o problema é que nunca mais consegui sair do hotel. Minto. Uma noite
consegui sair para ir a uma cerimónia relacionada com o meu trabalho e para uma
‘noitada’ numa das discotecas da cidade. A primeira parte correu bem, até
porque recebi um prémio dos meus colegas de trabalho mas, como diz a nossa
gente, foi ‘sol de pouca dura’. O problema
foi a deslocação para a discoteca. Começou então uma grande aventura que,
carinhosamente, a vou baptizar como a aventura das ‘pedras’.
Évora é uma cidade praticamente inacessível para quem se desloca numa
cadeira de rodas. Mesmo usando o meu carro, houve um momento em que tive de o
estacionar e ‘caminhar’ pela rua.
Caminhar caminhou o meu amigo que, infortunamente, ou não, me acompanhou.
Ainda no carro, um Eborense simpático e disponível ajudou-nos: “Homem, pode parar já aqui a
viatura porque a discoteca é já ali à frente… vão por esta rua, viram à direita,
depois é logo à esquerda…”
Mal comecei a tentar ‘rolar’, enquanto o meu amigo caminhava, lembrei-me
daquele filme, a “Missão Impossível”. Nem eu era o Tom Cruise nem o João era a Emmanuelle
Béart. Pois é, foram quase trinta minutos para percorrer uns 250 metros nas
ruas em pedra da lindíssima Cidade de Évora.
O meu amigo João, no fundo, já sabia o que o esperava. Os amigos como o João são assim. Dobram-se, transfiguram-se em Super-heróis para me ajudarem. Tudo seria mais fácil, com mais enfoque na Cidadania e mais inclusivo se, naquela Cidade Património Mundial da Humanidade, houvesse alternativas às inevitáveis ruas empedradas construídas em tempos antigos. É sempre possível manter o traço histórico sem descorar as necessidades de mobilidade dos cidadãos com deficiência motora.
O meu amigo João, no fundo, já sabia o que o esperava. Os amigos como o João são assim. Dobram-se, transfiguram-se em Super-heróis para me ajudarem. Tudo seria mais fácil, com mais enfoque na Cidadania e mais inclusivo se, naquela Cidade Património Mundial da Humanidade, houvesse alternativas às inevitáveis ruas empedradas construídas em tempos antigos. É sempre possível manter o traço histórico sem descorar as necessidades de mobilidade dos cidadãos com deficiência motora.
Naquele dia ele foi o meu Homem das Pedras. Um
grande amigo, um amigo desde o dia 1.
Obrigado João, por esta, por todas as outras e pelas que ainda hão-de vir…